Razão ou emoção? Talvez uma das mais antigas lutas da humanidade... o melhor mesmo é tentar equilibrar as duas

terça-feira, 24 de março de 2015

Um mês e meio depois da tese

O que tens feito MC?

Sabem aquele desejo enorme de descansar, de colocar as ideias no sítio depois de três meses enfiada em casa sempre a trabalhar para terminar a tese??? O dolce fare niente? Aquilo com que eu sonhava ter pelo menos uma semana depois da entrega?? Esqueçam!!! Sinto-me num turbilhão!!! Sem tempo para parar, respirar, organizar-me. Aos poucos tenho tentado colocar ordem nos caos, mas continuo a sentir-me caótica! Vejamos:

- Depois de uma semana praticamente sem dormir para finalizar os últimos detalhes da tese, chego a casa e tenho as minhas amigas à porta com um enorme ar de "surpresa!!": Fizeram fato de carnaval a contar comigo! Senti-me uma felizarda, principalmente depois do momento da entrega ter sido um verdadeiro desastre (nem quero comentar)

- Seguiram-se mais 3 noitadas de Carnaval - não foram nada de especial, mas que souberam muito bem. Afinal ainda era uma pessoa normal com competências de "cúmbíbio".

- Dormi e descansei por três dias. Depois disso rebenta uma bomba nuclear cá em casa que ainda está por resolver mas que veio mexer com as entranhas de tudo e todos na família. Está um ambiente familiar péssimo. Ando a tentar gerí-lo, mas não está fácil. (o que também não está a ser nada fácil é voltar a viver na terrinha, 10 anos depois de ter morado em Braga... mas sobre isso falarei mais tarde)

- Duas semanas depois da entrega da tese recebo um telefonema da Universidade do Minho: "Já entregou a tese? Está interessada em colaborar connosco em X projeto? Precisamos de ajuda por dois meses" - Tenho contrato assinado, para tempo parcial, para colaborar num projeto de investigação e ainda dar umas aulitas pelo meio - yeeaahh!

- Morreu a minha quase avó :( Não falo mais sobre isto...

- Recebo outro telefonema: "É da ARS para confirmar o seu plano de formação". De repente sou formadora num centro de saúde perto de casa no âmbito de um projeto submetido por mim há meio século. Já nem me lembrava! Niiice... Mais trabalho!!!

- Fui num fim de semana a Berlim, em trabalho. bahhh Ainda pensei que fosse dar para aproveitar a tarde de domingo livre mas o S.Pedro estragou-me os planos.

- Sinto que perdi a minha melhor amiga... ou ela é que me perdeu... ainda não sei bem, estou demasiadamente magoada e a processar todos os acontecimentos para poder decidir o que fazer ou dizer... só sei que 22 anos de amizade parecem ter ido pelo cano abaixo por coisas absolutamente mesquinhas mas deveras manipuladas e influenciadas por pessoas que nos rodeiam... (acho que também estou a precisar de "deitar cá para fora" coisas sobre este assunto)

- Inscrevi-me num ginásio yeeahhh!!! Ando aqui que não me mexo depois de dois meses parada mas tive que ir bater na freguesia ao lado porque quando fui ao pavilhão desportivo perguntar "E aulas de cycling, tem? "Que é isso menina?? Spinning? (cara ainda mais parva) Pronto, deixe lá isso..." Quando puder também vos apresento o fenómeno do entroncamento em que vivo! Santa paciência!

- Conheci e interessei-me por um moço... que sei que é muito bom moço, das melhores coisinhas e do mais bem intencionado que me apareceu à frente desde há séculos!... mas eu e o meu problema com "relacionamentos/ eventuais amostras de homens adequados para a minha pessoa mas que eu insisto em despresar" já lhe estou a por defeitos, e a dizer que não dá e ainda só fomos ao cinema e tomar uns cafés mas eu já me sinto asfixiada... tenho também que resolver isto

E acho que já chega não??? Aos poucos vou tentar falar sobre estas novidades porque sinto-me a explodir por dentro e essa sensação não vai passar enquanto não escrever sobre tudo!

segunda-feira, 23 de março de 2015

"Tudo vale a pena quando a alma não é pequena"


A elaboração da presente Tese de Doutoramento foi uma trajetória longa e marcada por inúmeros desafios, incertezas, deceções, surpresas, alegrias e vitórias. Trilhar este caminho implicou a mobilização de uma grande energia, vontade e perseverança que trouxeram consigo força, vigor e uma enorme evolução e crescimento pessoal e profissional. 

Assim começam os agradecimentos da minha tese. Quando entrei na aventura do Programa Doutoral em Setembro de 2010 estava longe de imaginar tudo quanto estava para vir... tanto de bom como de mau. Foi um percurso que começou bem, extremamente bem, mas que se tornou sofrido, extremamente sofrido e solitário. Dizem que é assim mesmo, que "faz parte do processo", mas passei por situações profissionais e pessoais que não desejo a ninguém, vivendo tudo quase sempre sozinha, procurando gerir da melhor forma possível as minhas lutas internas, mostrando uma pequena parte delas a muito poucas pessoas.... muito poucas mesmo. Fui percebendo ao longo do tempo que nem todas as lutas podem ser partilhadas; que nem todos os que se dizem disponíveis estão assim tão disponíveis; que, por muito que custe, há alturas em que temos de selecionar quem nos rodeia, percebendo, de verdade, quem nos faz e quer bem e que é com esses que devemos investir e esgotar os nossos recursos e atenção.  

Ao longo deste percurso e, principalmente, na etapa final pude perceber quem realmente me aceita como sou. Com todos os meus altos e baixos, com todas as minhas dúvidas e incertezas, com todas as tendências de workholic - extremamente necessárias na etapa final. Pude perceber quem eram de verdade os meus amigos, quem esteve sempre comigo, mesmo não estando; quem, apesar das dificuldades das suas próprias vidas, nunca deixou de se lembrar de mim. Entre os psicólogos, é sabido que o apoio social é fundamental na vida de todos nós. Sempre fui uma pessoa sozinha... sozinha com os meus botões, com "as minhas coisas"... talvez ser filha única tenha contribuído para isso. Mas preciso dos meus momentos comigo mesma. Sempre precisei. Mas preciso na mesma medida de saber que tenho bons amigos por perto, a quem me dedico porque merecem e porque sinto neles a mesma dedicação em relação a mim. De todas as experiências que vivi ao longo de todo o percurso do doutoramento, foram as transformações na rede de amigos que mais me marcaram. Talvez o facto de eu própria ter mudado tenha contribuído para essas alterações. Algumas foram uma surpresa positiva, outras nem por isso, outras ainda hoje lamento o modo como terminaram. Mas pelos vistos também isso "faz parte do processo".

Sim, ao longo destes quatro anos e meio (nossa!!) cresci imenso enquanto pessoa e enquanto profissional, Perdi-me, bati no fundo do poço, estive perto de desistir, mas ergui-me sozinha, indo buscar forças, energia e motivação nem eu sei bem aonde. Acima de tudo, sei o que me levou lá, sei o quão mau é estar nessas circunstâncias de vida, sei o quão difícil é a escala até ao cimo do poço e sei que não quero lá voltar. Foi extremamente difícil. Mas passo a passo aprendi a dar valor a mim mesma, aprendi a respeitar-me novamente, a acreditar em mim novamente. Redescobri-me. Apercebi-me de alguns dos meus limites. Procurei contornar uns, ultrapassar outros e aceitar aqueles que não podiam ser modificados. Fiquei espantada comigo mesma e com a minha capacidade de gerir a exaustão, de lidar com adversidade, de me sacrificar, de me auto-motivar, de querer mais e mais. 

A entrega da tese ainda não representa totalmente o fim de uma etapa. Essa sensação só acontecerá verdadeiramente depois da defesa. Mas foi sem dúvida um alívio enorme. Uma sensação de satisfação, de realização pessoal. "Consegui, contra tudo e contra todos." Venci e venci bem. Apesar das coisas más, procurei sempre aproveitar tudo o que me foi sendo proporcionado e encontrar sempre o lado positivo em tudo. Pude viajar, pude contactar pessoas e frequentar grupos e espaços que nunca na vida pensei poder vir a frequentar. Conheci grande parte da Europa, tenho publicações internacionais no meu currículo e tive uma função de relevo numa das maiores sociedades europeias de Psicologia. Aprendi a sonhar, a desejar um bocadinho mais (algo que me incutiram desde pequena que não poderia fazer). A fasquia subiu, mas mantenho os pés na terra. Redefini objetivos e aspirações de vida. Sei agora um pouco melhor do que quero para o meu futuro, tanto pessoal como profissional. Sei também que foge a muitos dos padrões convencionais da nossa sociedade e do meu núcleo de amigos. Sei que ainda vou ter muitas lutas para travar. Mas hoje sou eu pessoa muito mais segura de mim e um pouco mais conciliada comigo mesma. Terminar o doutoramento representa, sem dúvida, uma fase crítica e difícil. Mas, ao olhar para trás, estou tremendamente contente por tudo o me aconteceu e continuo a acreditar que será um esforço que aos pouco será recompensado e terá tudo valido a pena. 


segunda-feira, 2 de março de 2015

Guess who's back?!



Foram duas semanas para repor as ideias no lugar. Muita coisa aconteceu. Tenho muito que escrever... A seu tempo darei novidades de tudo ;)