Uma vez que falei sobre últimos acontecimentos já perto do fim de semana, parece-me fazer mais sentido refletir sobre o fim de semana que passou... e ainda mais sentido faz por se tratar DESTE fim de semana... aquele em que o Gato das Botas partiu finalmente, aquele em que sem haver despedida oficial, houve despedida na mesma, aquele em que fiquei espantada comigo mesma pela minha ousadia, aquele em que dou por mim a dizer aos meus pais que só ia tomar um café, mas chego a casa às 6h da manhã e ainda por cima bem mais alegre do que o esperado e me apercebo que a minha liberdade aos quase 28 anos é deveras condicionada, aquele em que e em que e que e ficava aqui até de manhã a enumerar coisas que marcaram este fim de semana.
A verdade é que não me consigo entender neste momento. Não consigo perceber bem o que sinto ou o que se passa em relação ao Gato das Botas. Estas imagens dizem tudo:
Que somos algo, somos... o quê? Não sei! Não faço a mínima ideia... Sei o que temos, sei o que não temos mas já tivemos, sei que ainda nos falta muita coisa... acima de tudo falta quebrar as barreiras que nós próprios erguemos com desculpas, anseios, medos, mágoas e "circunstâncias" e recuperar aquilo que eu mais gostava em nós: a capacidade de falar abertamente sobre tudo. Sei que isso ainda existe e já o pude confirmar. Mas estamos os dois demasiadamente agarrados à nossa concha, (talvez por estarmos ambos há tanto tempo sem ninguém), ao nosso mundinho tão fácil assim, e que ainda mais fácil se torna, quando andamos nisto, no jogo do toca e foge, num jogo só a dois, arriscado, perigoso, quente, sem compromisso.
Lamento que a partida seja agora... nunca estivemos assim, tão prontos a deixar rolar, deixar acontecer naturalmente, a deixar que a atração, vontade e desejo fale por nós.
Ao contrário do esperado não houve uma terceira de despedida. Mas uma simples mensagem mostrou que, ao contrário do que já aconteceu no passado em que fui friamente afastada, a minha companhia era bem vinda ainda que partilhada com alguns dos amigos mais próximos. Copos e mais copos, shots, copos e mais copos e mais um final de noite inesperado e ardente. E eis que dou por mim a dizer na hora da despedida "Até já. Um mês e meio passa num instante... Não me venhas novamente com a conversa do "esperas, pode ser?" porque a minha resposta é "faz valer a pena!". Virei costas e bazei.
Bazei para ver que já era de manhã, que tinha bebido demais para quem ia conduzir em zonas onde certamente iria encontrar polícia, sendo a principal delas o meu pai ao chegar a casa! Expectativas confirmadas. Estava de pé o homem, mas não nos cruzámos. Toca de acordar a tempo de fazer o almoço e armar-me em rija, não ressacada com postura "estou pronta para outra - não se passou nada". Encontro o meu pai de trombas e minha mãe chateada. Conclusão: Tenho quase 28 anos, faço tudo o que quero na minha vida mas tenho uns pais que não aceitam que uma vez, de vez em quando, me extravie e chegue a casa de manhã. Ora bem... se vou voltar muito em breve a morar com eles, se eles confiam plenamente em mim... que raio de liberdade é esta em que não posso esporadicamente "perder-me" nas horas ou então tenho que arranjar esquemas/planos/desculpas quando fico até tarde? Com casa perto, terei que ficar a dormir em casa de amigos para que os meus pais não venham a descobrir a que horas chego a casa? Isto não em faz sentido nenhum e deveria de haver confiança e abertura para isto não acontecer. Se venho dormir a casa é porque sinto que não tenho nada a esconder... mas pelos vistos tenho... aos 28 anos... Estarei a ser egoista ou errada? Esta questão vai ter que ser trabalhada aqui em casa. Sei que vou ter que lidar com muita coisa porque sei que irei quebrar rotinas aqui em casa mas não contava com isto, desta forma.
E o que se seguiu? Um sábado e um domingo enfiada em casa, sem aproveitar sol, numa tentativa frustrada de estudar estatística - o meu novo desafio para o doutoramento!!! Não vejo a hora disto acabar!!!