"Não quero vir muito tarde para casa. No máximo, às 3h venho-me embora. Tenho que trabalhar". Sim, sim claro! Cheguei a casa eram 5 e pouco da manhã, confusa, chateada e a pensar que a noite foi um total desperdício de tempo. Acordei eram 9h30 sem despertador, sem nada, tal era o meu estado de agitação e arreliação. Mas pelo menos a minha visão da noite não era assim tão negativa. Se foi uma noite boa? Não, não foi. O jantar foi ótimo. Aliás, foi a melhor parte da noite. Mas não gosto de sair na companhia de alguém que está com outros objetivos, que vão além do divertimento. Libertar-me, não pensar em mais nada, sair só porque sim e o que aparecer pelo meio e por acréscimo será sempre bem vindo. Esta era a minha postura de ontem. Não queria saber de encontrar este ou aquele. Queria apenas descontrair e passar um bom bocado. Mas a companhia de ontem estava com outros interesses e andar uma avenida inteira de antenas ligadas à procura de fulanos e beltranos, decididamente não é para mim. Não gosto disso. Não gosto quando uma noite passa a girar em torno disso. Perdi a pica até ao momento em que fui eu quem se transformou no alvo da procura de alguém. Alguém, que depois do Gato das Botas, é aquele que mais me faz vacilar e ficar transtornada. Alguém cuja história dura há anos, sempre com encontros e desencontros e nunca sem desistências ou abandonos definitivos. Alguém que ultimamente se tem revelado diferente, melhor, um "homem novo" como tenho dito em jeito de brincadeira. Alguém, que suscita uma curiosidade enorme em mim e que me desperta os sentidos com um simples toque. Alguém que passado todo este tempo (e passado tantas outras) parece querer fazer de mim a primeira e única opção e que parece disposto a mostrar-me que os erros do passado não são para voltarem a ser cometidos. Alguém que ultimamente parece ser capaz de ser aquilo que sempre quis, mas é alguém em quem não consigo confiar. Esta mancha do passado persegue-nos e impede-me de querer mais. Alguém que, por saber demasiado sobre o seu passado, nunca permiti que entrasse demasiado na minha vida e nunca me permiti a mim mesma querer saber mais da dele. Viveria num tormento constante com ele e isso é simplesmente impensável para mim. Mas esta mudança está-me a fazer vacilar e a deixar-me confusa. E se eu estiver demasiadamente agarrada ao passado e por causa disso estar a perder uma boa oportunidade? Seria capaz de alguma vez confiar nele?
E como se não bastassem todas as estas dúvidas acerca da confiança o que vejo eu passar??? Mais pessoas que num dia dizem "não me sais da cabeça", mas era vê-las ali a desfilar de mãos dadas com os seus novos amores... Deveria ter ficado indiferente, porque no fundo são pessoas que nunca me disseram nada... mas ficou aquele bichinho do "porque é que acabam sempre por desistir? O que é que eu faço de errado? Aonde é que eu falho??", claramente a atribuir um conjunto de coisas negativas à minha pessoa e a reforçar para mim mesma que eu de facto tenho um problema com relacionamentos, quando na verdade não depende só de mim. Mas enfim, por hoje fica mais uma cacetada na minha auto-estima que espero ver recuperada amanhã depois de uma boa noite de sono.
E por fim, o motivo principal da minha arreliação, prendia-se mesmo com a desregulação que uma noite destas provoca no meu ritmo de trabaho. Definitivamente, se quero acabar o doutoramento no prazo que estabeleci, não posso mais sair à noite como ontem e muito menos estar em Braga. Adoro esta cidade. Há quase dez anos que moro aqui... mas para quem está com a corda ao pescoço, não é o sítio ideal para se estar perante tanta distração que por aqui se passa. Parece-me que a minha saída vai ser antecipada... nunca pensei vir a dizer isto mas... estou com taaaanta vontade de ir embora!
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