Razão ou emoção? Talvez uma das mais antigas lutas da humanidade... o melhor mesmo é tentar equilibrar as duas

sábado, 10 de maio de 2014

Afinal também sou finalista!


Fechei a janela do meu quarto. Não consigo confrontar-me com as centenas de finalistas que lá fora desfilam acompanhados pelas suas famílias e amigos próximos a caminho da Imposição das Insígnias. Vê-los faz-me recuar 5 anos no tempo. Vê-los fez-me perceber que ao contrário da felicidade esperada e marcante que deveria ter associada a este dia, sinto raiva. Raiva por não ter sido o dia que sonhei, pelas coisas não terem corrido como queria apesar dos meus esforços, raiva por querer ter sido fiel às minhas promessas quando afinal elas não significaram nada para quem também as fez. Fui uma parva. Sinto que não dei a quem convidei para passar este dia comigo aquilo que eles mereciam. E porquê? Porque não queria "ficar mal", ser chamada de "traidora", abandonar quem me acompanhou ao longo dos 5 anos... quando no fundo elas nunca me acompanharam. 

No início do meu 5.º e último ano de curso, eu e as minhas colegas de casa que também eram de Psicologia, unidas nessa data, prometemos festejar o dia do Finalista com um almoço em conjunto com as nossas famílias. Acontece que ao longo desse ano muita coisa má aconteceu e quando esta data chegou já não eramos as mesmas e a união inicial estava longe de ser a mesma. Tive a oportunidade de lhes virar as costas e de festejar este dia com quem foi de facto família durante o curso e continuou a ser depois de já termos acabado. Falo dos meus meninos. Aqueles que foram o meu grupo. Aqueles com quem recordo os melhores momentos da universidade, aqueles com quem ainda falo hoje em dia sem que a distância faça diferença. Mas sou uma pessoa de palavra e achei que o mais correto era festejar com as colegas do curso, com as colegas de casa. No final de contas, eu é que me andei a esfolar para ter tudo organizado, sem elas nunca mexerem uma palha, marquei almoço num sítio que não queria, sem charme ou classe ou comida de jeito porque sabia que nem todas poderiam pagar se fosse num sitio mais caro, elas quiseram despachar o assunto e nunca valorizam o dia e como se não bastasse, esse ano teve a pior organização de sempre de festas por parte da associação académica! A Imposição das Insígnias foi feita a correr e a missa de finalistas habitualmente organizada na Igreja do Sameira ou no centro de Braga, foi realizada no estádio! Um sítio praticamente sem acessos o que fez com que passasse duas horas no trânsito, chegasse a meio da missa, a qual tinha uma acústica péssima, contribuindo para que fosse mais um momento desprovido de sentimento. 

Como recordo então este dia? Lembro-me do calor insuportável, lembro-me de ter "mandado vir" com a minha mãe tal era o nervosismo, lembro-me da minha melhor amiga a chorar de felicidade por mim - o primeiro momento marcante do dia; lembro-me de cantar o hino de curso, de ver as minhas amigas a chorar agarradas umas às outras e de não perceber o porquê dessa reação, quando ainda tínhamos o cortejo pelo frente - esse sim, marcante - e quando tínhamos pelo menos mais um mês e meio de convivência pela frente; lembro-me de ver a minha mãe andar e falar - o segundo momento marcante do dia já que ela estava doente na altura e já não falava em voz alta e com bom som há mais de 6 meses; lembro-me das fotos e do abraço apertado da minha madrinha de curso - o terceiro momento marcante; lembro-me deste ser o dia que assinalou o meu afastamento das minhas "amigas" (fiz tanto por elas e hoje passam por mim na rua e fingem que não me conhecem! amigas da onça que eu só percebi nesta altura e algum tempo depois); lembro-me das flores que ainda guardo com todo o carinho; lembro-me de ser tudo uma grande, grande confusão e de as coisas acontecerem demasiadamente depressa sem que as conseguisse assimilar verdadeiramente. Lembro-me de não me ter lembrado de aproveitar o momento e de ser feliz neste dia... Acabo de me lembrar que este ano sou finalista novamente e tenho a oportunidade de aprender com os meus erros do passado e fico feliz, muito feliz mesmo por isso!!! 


1 comentário:

  1. Pena que o relembres assim. Eu lembro-me de mim e dos meus pais. E do quão orgulhosos estavamos. Já lá vão 18 anos.

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