Razão ou emoção? Talvez uma das mais antigas lutas da humanidade... o melhor mesmo é tentar equilibrar as duas

terça-feira, 5 de março de 2013

A propósito das manifs

"As manifestações servem é para as pessoas tirarem umas fotos e pôr no facebook" by César Mourão, in "Vale Tudo"

Eis como alguém, ainda que na brincadeira, expressou a minha opinão acerca de certas pessoas que vão às manifestações.
Nunca fui a nenhuma e, para já continuo sem intenção de participar. Aparentemente, partilho de muitos dos motivos dos que por lá aparecem: sou jovem, estou desempregada, andei a realizar estágios de graça (não porque quisesse, mas como única alternativa para evoluir na carreira), também não estou de acordo com algumas das medidas impostas por este governo, acho MESMO que há por aí muito boa gente a passar muitas necessidades, todos os dias esta crise leva um bocadinho de mim, com amigos a emigrarem, os meus pais todos os dias comentam os cortes nos salários e ficava aqui até amanhã a apontar motivos. Mas continuo sem vontade de participar.
Perdoem-me a passividade, mas acho mesmo que o caminho não é por aí. Se me perguntarem qual é, não sei dizer. Mas acho que este governo já deu mostras suficientes da sua arrogância, altivez e superioridade e completo desprezo pelo Zé Povinho (e atenção que não tenho nenhuma inclinação partidária e quero-me longe disso. Mas vou-me informando.). Estas manifestações não lhes dizem rigorosamente nada (confesso que muitas vezes até imagino o Passos Coelho a rir-se em casa com alguns dos cartazes que aparecem).

E depois há outra coisa que me incomoda. Quando vejo, como foi o caso da manifestação de sábado, as ruas cheias de reformados ou pessoas de meia idade... a esses, eu dou valor. São pessoas que viveram o 25 de Abril, que sabem a diferença entre o ter nada e ter bastante mais e que acima de tudo, tiveram que CONQUISTAR e lutar pelo que têm atualmente, por isso dão valor às coisas e sentem-se realmente revoltados com esta situação, pois estão-lhes a retirar aquilo por que eles tanto sofreram e lutaram.
 Agora, - e perdoem-me o julgamento e atenção que sei que não se pode generalizar - digo muito sinceramente, quando vejo jovens, mais jovens que eu, a mandarem bitaites, eu fico tola!!!! Não dúvido do envolvimento e se calhar dos fortes motivos que movem alguns... Mas outros eu só penso: "Mas o que é que esta gente sabe da vida para poder reclamar assim?? Demitir o governo? Mandar a Troika embora? Eu não mando embora quem neste momento está a segurar o país e a pôr comida na mesa de muita gente." Posso estar completamente errada ou posso até parecer arrogante com este pensamento, como se fosse mais do que os outros, mas considero que há uma diferença abismal entre mim e esses jovens: eu sempre tive de lutar, sofrer e conquistar tudo quanto tenho e por isso dou imenso valor ao esforço, mérito próprio e sacrifício. Não o sacrifício da humilhação. Mas o sacrifício que nos obriga a crescer, abdicar de isto ou aquilo e só assim darmos o devido valor às coisas. Nunca na minha vida pedi uma coisa e tive-a de imediato. Por isso critico alguns desses jovens que vão às Manifs porque é in, é fashion, porque "toda a gente vai", porque serve para tirar uma fotos, chegar a casa e fazer um álbum no facebook "Eu nas manifs". Para mim, esses sim são os jovens da geração rasca, da geração que não sabe dar o valor às coisas porque nunca teve de se esforçar para ter o que quer que fosse. Pode parecer inveja? Não, não é. São apenas valores. Valores que prezo muito e que sinto que se perderam, que se estão a perder cada vez mais e que, muito sinceramente, acho que é a causa desta crise. Mais do que uma crise económica, acho que estamos perante uma crise de valores. 

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